Sob o Céu de Agosto - Gustavo Machado

Livro: Sob o Céu de Agosto
Autor (a): Gustavo Machado 
Número de Páginas: 168
Editora: Dublinense 
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Sinopse: A vida de Otto, pintor sem perspectivas, tem as mesmas cores do céu azul acinzentado dos dias de inverno. Quando a reserva de dinheiro acaba, ele pede um emprego para o amigo de infância, que trabalha para o governo. É essa reviravolta, atuando como instrutor de pintura no Centro Popular de Cultura, que fará com que ele conheça e se envolva com Sophia, uma de suas alunas, casada com um homem perigoso. Confuso, ele é arrastado para essa relação conturbada, sem saber se conseguirá (ou mesmo se quer) salvar Sophia. No mesmo prédio em que mora, outra tentação ronda seu apartamento: a vizinha adolescente Berta, que entre bolos de chocolate e café, também atua como confidente de Otto.
O livro exigiu a dedicação de muitos anos do autor. Em 2003, na sua primeira versão, recebeu uma menção honrosa no I Prêmio Casa de Cultura Mario Quintana. Sob o Céu de Agosto é ambientado numa espécie de cidade fictícia, onde os personagens vivem sob o olhar sempre atento de um tipo de ditadura de esquerda. O texto de Gustavo Machado é preciso e narra, com muita propriedade, este enredo policial. A presença de sexo, sangue e mistério, porém, torna-se secundária na trama que levanta, de forma indireta e despretensiosa, algumas das mais recorrentes questões do humanismo.
“Gustavo narra bem. Sabe envolver, manter o suspense e leva o leitor pela mão. Tem sexo, sangue e mistério na sua história. São bons ingredientes para uma ficção. Seu personagem é um pintor. Gustavo pinta boas cenas. Tem bom ouvido para diálogos. Dá para sentir uma pessoa real falando. É seu primeiro livro. Ele tem tudo para se impor na cena dos chamados novos escritores gaúchos.” Juremir Machado da Silva

RESENHA por Luciana Corrêa da Silva.

Oi pessoal, tudo bem?

A resenha de hoje é de um livro chamado Sob o Céu de Agosto, escrito por Gustavo Machado e publicado pela Dublinense, uma editora de Porto Alegre.

Sob o Céu de Agosto conta uma história misteriosa e cheia de momentos recheados de sexo e violência. Seu narrador e personagem principal é um pintor chamado Otto, que ainda não conseguiu encontrar o tom perfeito para retratar o céu de agosto como gostaria. Ele já viveu muita coisa interessante, andou a estudar por lugares importantes e isso o levou a confeccionar belas obras, que o fazem ser reconhecido. Mas o pobre Otto anda numa maré de pouquíssima atividade, sua inspiração parece ter fugido e ele anda mal de grana.

Um dia Otto recebe uma proposta de emprego do amigo Teo, que tem um cargo do governo e deu um jeitinho para que Otto entrasse no sistema sem que ninguém sequer o avaliasse se ele é ou não capaz de realizar tal encargo.

O que compensa sua vida nada feliz é que Otto recebe o carinho de sua vizinha Berta, uma jovem menina que o mima o tempo todo, enchendo-lhe de carinho, abraços e colinhos. Otto se mantém sério, mas a cada dia fica mais difícil resistir às investidas da danada da Berta. Que tentação!

O rapaz começa o novo emprego, consciente do erro que comete (mas sem saída) e lá ele conhece Sofia e sua vida entra em uma espiral de loucura sem fim. O leitor percebe que é a maior chave de cadeia da vida de uma pessoa, mas o Otto, que anda desesperado pela vizinha quase criança, não se importa nada em viver uma aventura. O que ele não sabe é que a aventura passa a ser uma obsessão maluca daquelas dignas de filme de terror.

Minha vidinha ia muito bem. Até que fiquei sem dinheiro, arrumei um emprego e conheci Sofia...

O livro é muito dinâmico e rápido de ler. Começa narrando a situação que Otto vive e é uma situação nada confortável, pois ele está muito machucado, acusado de um duplo assassinato, respondendo a um interrogatório na delegacia. Logo que a “conversa” com o delegado começa somos inseridos na história do personagem, pois ele vai contar tudo o que aconteceu para que ele chegasse até ali.

Não posso me estender muito na resenha, porque é uma história curta e se eu contar muita coisa, conto o que não devo. O autor possui uma escrita bem madura e cheia de nuances que fazem com que a história fique mais atraente a cada página. O ponto negativo, na minha opinião, é a repetição da primeira frase do capítulo, que é sempre a última do anterior. Eu, que sou daquelas que pego um livro assim e leio até o final, me incomodo um pouco com isso.

Como já disse, Sob o Céu de Agosto é um livro bem enxuto, o autor não enrola e já começa com o pé no fundo, com muito mistério, crimes, perseguição… Abro aqui um parêntese para a crítica à política radical, que o autor faz muito bem e nos conduz a uma narrativa que faz pensar e que é muito inteligente e atual.

A ambientação do livro é muito bem feita, onde tudo acontece no frio do inverno, numa cidade cinza, regida por uma política que controla e não dá muitas oportunidades a quem não é aliado, apresentando-nos um cenário ainda mais obscuro, onde a morte já nos é apresentada logo no começo, deixando tudo ainda mais instigante.

O livro é muito bom, a revisão é muito bem feita, embora ache que os diálogos precisam de travessões… É mais uma prova de que nunca perdemos quando resolvemos investir nos nossos autores nacionais, eles dão show. Gustavo Machado, com certeza, promete ser um dos grandes expoentes da literatura brasileira.

Se tiver chance e quiser dar uma chance… aproveite!

… Um amigo meu, escritor, diz que é quase impossível escrever o que se pensa. Uma ideia sai da cabeça da gente de um jeito e, quando chega ao papel ou ao computador, já é outra coisa, entende?

Até a próxima, beijo <3


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